Junho, mês do orgulho LGBT, é herança da marcante revolta de Stonewall. Uma rebelião em Nova York, em Junho de 1969, protagonizada principalmente por travestis e mulheres transexuais contra as constantes humilhações e violência investidas na população LGBT. Após esse episódio, as LGBT’s passaram a sair às ruas anualmente para manifestar sua existência, contra a violência e a sua patologização.
Já em 1984, em Londres, temos a experiência do grupo de Lésbicas e Gays Apoiam os Mineiros, que contribuíram com a maior greve já vista no movimento operário Inglês. Os trabalhadores das minas de carvão se organizaram contra as medidas antipopulares de Margaret Thatcher. Em aliança com esses trabalhadores organizados, o grupo de lésbicas e gays fortaleceram o embate contra o governo e juntos marcharam.
A solidariedade entre esses grupos explorados se mostra novamente quando os mineiros, no mesmo ano, saem às ruas na parada do orgulho LGBT e quando se aliam para barrar o projeto de lei que impediria a discussão de gênero e sexualidade nas escolas inglesas. Com essas experiências históricas percebemos a importância de nossa organização para lutar por melhores condições de existência.
Foi pela luta e organização que obtivemos conquistas como a despatologização da homossexualidade e garantir a discussão de gênero e sexualidade nas escolas inglesas, por exemplo.
No ano de 2019, Brasil registrou 329 mortes de pessoas LGBT, o que representa uma morte a cada 26 horas. Os dados são do relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB). Foram 297 homicídios e 32 suicídios.
O país também é um dos que mais mata travestis e transexuais. Entre 2008 e 2016, ao menos 868 pessoas trans e travestis foram mortas, de acordo com dado publicado pela ONG Transgender Europe (TGEu).
As LGBT’s trabalhadoras estão nos postos de trabalho mais precarizados e mais instáveis como telemarketing e setor de vendas. Precisamos ainda lutar pela despatologização da transexualidade. Precisamos lutar por melhores condições de existências das LGBT’s no âmbito da educação, saúde, moradia e primordialmente no trabalho. Pois além da exploração, comum a toda classe trabalhadora, ainda temos que lidar com a intolerância no trabalho, estudo de janeiro/2017 mostrou que 67% das LGBT’s escondem sua orientação sexual no trabalho o que aumenta a taxa de adoecimento, principalmente relacionado à saúde mental.
Ainda, com a vida mais precarizada, se encontram as LGBT’s da periferia e as travestis e mulheres transexuais que não usufruem dos avanços em relação aos direitos LGBT’s, mas ainda lutam pela sobrevivência direta.
Somado a esse estado crônico de precarização que sobrevivemos, a crise brasileira, de caráter político, econômico e social, com um cenário ainda mais sombrio para nós. Com um congresso extremamente conservador, corremos risco de haver uma repatologização da homossexualidade, flexibilização das nossas, já fracas, relações de trabalho.
Já o governo de extrema-direita de Bolsonaro aprofunda ainda mais o preconceito contra os LGBT’s com sua política declaradamente preconceituosa e lgbtfóbica, que agravam a discriminação, exclusão social e violência contra este setor. Sem contar, que as LGBT’s sofrem com ainda mais força as políticas ultraliberais que aumentam o desemprego, o subemprego e a informalidade.
Neste sentido, o SINTUR-RJ aponta que é importante que em meio a tantos retrocessos sigamos ombro a ombro para romper com essa lógica capitalista que oprime setores que ainda enfrentam desafios para garantir o avanço em seus direitos.
Imagem da internet adaptada