Em ataque à vacinação infantil e Anvisa, Bolsonaro mostra que negacionismo não conhece limites

Postado: 07/01/2022

Como é característico aos ditadores e tiranos, Jair Bolsonaro insiste em querer decidir quem deve viver e quem deve morrer no Brasil. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, na quinta-feira (6), o presidente voltou a espalhar mentiras sobre a vacinação de crianças contra a covid-19 e, novamente, mostrou que seu negacionismo não conhece limites.
 
A ciência já provou a importância da vacinação na faixa etária dos 5 aos 11 anos. Além de proteger contra a forma grave da doença, a medida reforça o cerco ao vírus, impedindo que ele se espalhe ainda mais. Os 39 países que já iniciaram a imunização do grupo têm colhido avanços no combate à pandemia, com a redução do número de mortes.
 
Embora o coronavírus já tenha causado a morte de mais de 300 crianças, de 5 a 11 anos, no Brasil, Bolsonaro prefere seguir negando a gravidade da doença.
 
“Você vai vacinar o teu filho contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade dele morrer é quase zero? O que que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse das pessoas taradas por vacina?”, declarou Bolsonaro na entrevista.
 
Numa repetição macabra do discurso adotado pelo governo em 2020 e 2021, a fala comprova que para o ex-capitão do exército a covid-19 – apesar de ter matado mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo, ainda é encarada como uma “gripezinha”. Um desrespeito sem tamanho às famílias das vítimas.
 
Ao lançar dúvidas sobre o trabalho da Anvisa, o presidente também mantém a tática de atacar todos aqueles que o contraria. “A Anvisa virou um outro Poder no Brasil, é a dona da verdade em tudo”, vociferou Bolsonaro durante a live.
 
A reação de Bolsonaro ocorre após a Anvisa aprovar o uso da vacina da Pfizer em crianças. Além disso, nesta semana a ideia defendida pelo governo de imunizar apenas aqueles que apresentarem indicação médica foi derrotada em consulta pública.
 
Vacinação infantil
 
Com um atraso de 20 dias, após a Anvisa liberar o imunizante, o governo federal anunciou que a vacinação de 5 a 11 anos deverá ter início na terceira semana de janeiro. Foram adquiridas 20 milhões de doses da vacina da Pfizer, que deverão chegar ao país no dia 13.
 
Devido à demora típica da administração Bolsonaro, a imunização com a primeira dose deverá terminar somente após o início do ano letivo. O que aumenta o risco das crianças espalharem o vírus após o início das aulas.
 
As doses garantidas serão suficiente para a aplicação da primeira dose em toda população na faixa etária dos 5 aos 11 anos. Deverá ter prioridade as crianças que possuem comorbidades permanentes.
 
O que dizem especialistas?
 
Em resposta ao discurso de Bolsonaro, a Sociedade Brasileira de Pediatria emitiu uma nota de repúdio ao posicionamento do presidente e reiterou que a vacina é segura e eficaz contra a covid-19.
 
“A vacina previne a morte, a dor, sofrimento, emergências e internação em todas as faixas etárias. Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas”, afirma o documento.
 
A entidade ainda destaca que os números da doença entre crianças brasileiras são mais graves que em outros países. Além disso, a doença pode gerar complicações como a chamada Covid longa e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica.
 
Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, em quase dois anos de pandemia, a covid-19 já matou mais crianças, de 0 a 9 anos, do que as doenças que possuem já possuem vacinas, no período entre 2006 e 2020.
 
Até o momento, foram 1.109 óbitos pelo novo coronavírus. As demais enfermidades que já contam com campanhas de vacinação mataram 995 crianças de 0 a 9 anos.
 
Alta entre crianças
 
Embora o Brasil esteja vivendo um apagão de informações sobre a covid-19, devido as falhas no site do Ministério da Saúde, um levantamento divulgado pelo jornal Folha de São Paulo dá conta de que a ocorrência da doença entre crianças está aumentando.
 
Em diferentes hospitais públicos e privados da cidade de São Paulo a taxa de testes positivos na faixa etária dos 5 aos 11 anos aumentou nos últimos dias. O maior salto foi encontrado no Hospital Albert Einstein, que passou de 8,6% de casos positivos para 29%.
 
Já em Curitiba (PR), o maior hospital infantil do SUS, Pequeno Príncipe, registra três vezes mais internações de crianças por covid-19 em relação aos últimos dias de 2021.
 
Pandemia no mundo
 
Pelo quarto dia consecutivo, o mundo registrou mais de 2,5 milhões de novos casos de covid-19. O dado comprova a existência de uma nova onda da doença causada pela variante Ômicron.
 
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), as infecções já aumentaram 70% em comparação com a última semana de 2021. Apesar do cenário alarmante, o número de mortes permanece em queda (10%), comprovando a eficácia das vacinas.
 
FONTE: CSPCONLUTAS

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