Descaso

Postado: 05/01/2022

O negacionismo do governo Bolsonaro em relação à pandemia vive um novo episódio que coloca a vida de todos os brasileiros em risco. Enquanto o número de casos de covid-19 no mundo segue batendo recordes, após o surgimento da variante Ômicron, o apagão de dados sobre a evolução da doença no país faz com que toda população caminhe no escuro.

2022 começa com números jamais vistos na pandemia. Na segunda-feira (3), foram contabilizados mais de 2,2 milhões de casos. Um recorde. Somente nos Estados Unidos, que convive com as variantes Delta e Omicron, um milhão de pessoas testou positivo em apenas um dia.

Antes, o pior número de casos registrados em 24h era de aproximadamente 900 mil. O novo cenário liderado pela Omicron levou a OMS (Organização Mundial de Saúde) a criar o termo “tsunami” de contaminações. Para se ter ideia da rapidez de propagação da nova cepa, nos EUA uma pessoa foi infectada a cada 3 segundos, desde o início do ano.

A vizinha Argentina também vive um novo surto da doença. No país, 30% de todos os testes realizados detectaram a presença do coronavírus. Há recordes de casos também no Canadá, Leste Europeu e até mesmo na Austrália, um dos países que mais se destacaram no combate à doença.

A estratégia da administração de Jair Bolsonaro para enfrentar este cenário aterrorizante é novamente impedir que os brasileiros tomem conhecimento da situação. Há mais de um mês, não se sabe ao certo quantos são os mortos e os contaminados pela doença, muito menos há informações sobre a presença da nova variante.

No escuro

Diversos especialistas já denunciam o aumento nas taxas de internação por infecções respiratórias. No entanto, a omissão do governo dificulta o trabalho dos profissionais de saúde que não sabem ao certo se lidam com a covid-19 ou o vírus influenza. Desta forma, as estratégias para salvar vidas ficam comprometidas.

Tanto o governo federal, quanto governos estaduais estão se aproveitando do aumento de casos de influenza e da similaridade entre os sintomas das doenças para relativizar o aumento da ocorrência de covid-19. Alguns estados brasileiros, como o Rio Grande do Norte, também sofrem com a falta de vacinas para a H1N1. No estado nordestino são 42 municípios sem os imunizantes.

Além disso, o país ainda convive com a falta de testes para a população. Em quase dois anos de pandemia, o Brasil ainda não segue uma das principais – e mais básicas – diretrizes da OMS: a testagem em massa da população. A medida foi fundamental para o controle do vírus nos países que registram melhor desempenho contra a covid-19.

Negacionismo

Segundo o Ministério da Saúde, dois ataques hackers foram responsáveis pela exclusão de grande parte dos dados sobre a pandemia coletados pelo governo. No entanto, nada foi feito para restaurar o sistema. Na realidade, a nova situação caiu como uma luva para a estratégia do Planalto.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro apostou em negar a gravidade da crise. Com medo dos efeitos econômicos sob seu governo, ele agiu para expor toda população ao vírus. No entanto, enquanto a “gripezinha” tornava-se uma grande tragédia humanitária, o ex-capitão do exército teve de adaptar seu discurso de acordo com o tempo.

Primeiro, ele negou a severidade da doença, depois a necessidade de uma vacina, mas como o mundo já vacinava e colhia frutos, ele se viu obrigado a adquirir também os imunizantes. Como a pandemia persiste, a nova estratégia do governo federal é prorrogar ao máximo a falta de informações.

Vacinas funcionam        

Embora o mundo esteja vivendo uma nova explosão de casos da covid-19, o número de mortes pela doença está em queda em todo o mundo desde o início de dezembro. Grande parte desta vitória parcial é garantida pela vacinação e pela aplicação das doses de reforço, que impedem casos graves.

“A despeito do negacionismo e da política genocida de Bolsonaro, a população brasileira buscou a vacinação, confirmando uma prática comum em nosso país. Conseguimos frear os casos graves graças a essa situação e ao trabalho dos profissionais da Saúde”, avalia a dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Rosália Fernandes.

A situação pode melhorar com o avanço da vacinação de crianças de 5 a 12 anos. Além de evitar mortes nesta faixa etária, a proteção garantida também dificulta a transmissão do vírus, evitando com que uma nova variante, ainda mais severa, apareça. É consenso entre as Somente com a vacinação deste público a pandemia poderá ser superada.

“A situação pode melhorar com o avanço da vacinação de crianças de 5 a 12 anos. Além de evitar mortes nesta faixa etária, a proteção garantida também dificulta a transmissão do vírus, evitando com que uma nova variante, ainda mais severa, apareça. Mas esse governo de ultradireita também está dificultando isso. Portanto, aqui no Brasil nossa luta segue sendo contra a Covid, mas também contra esse governo negacionista que consegue ser ainda mais perigoso que o vírus”, concluiu.

Fonte: CSPConlutas

 

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